A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) lançou, no dia 29 de maio de 2025, uma nova diretriz que revoluciona o entendimento sobre o tratamento medicamentoso da obesidade no Brasil.
O documento, apresentado durante o 21º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, realizado em Belo Horizonte, traz 35 recomendações atualizadas para médicos e pacientes.
Entre as principais mudanças, destaca-se a autorização do tratamento para pacientes com IMC abaixo de 30, desde que apresentem complicações associadas ao excesso de gordura corporal.
Essa é uma grande mudança em relação às diretrizes anteriores, de 2016, e representa um passo importante para o reconhecimento da obesidade como uma doença complexa e multifatorial.
O IMC ainda é uma medida confiável?
O Índice de Massa Corporal (IMC) sempre foi utilizado como referência para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade. Contudo, especialistas alertam para suas limitações, especialmente quando utilizado como único parâmetro.
De acordo com os novos critérios, medidas como circunferência da cintura e relação cintura/altura também devem ser consideradas na avaliação de risco metabólico.
Estudos apontam que pessoas com IMC a partir de 25, já considerado sobrepeso, podem apresentar sinais importantes de acúmulo de gordura visceral e complicações de saúde, como resistência à insulina, inflamação crônica e doenças cardiovasculares.
O papel das canetas emagrecedoras no tratamento
O avanço dos tratamentos farmacológicos com substâncias como semaglutida (Ozempic) e tirzepatida (Mounjaro) mudou a forma como a obesidade é tratada.
Esses medicamentos, inicialmente indicados para pacientes com diabetes tipo 2, demonstraram excelentes resultados na redução de peso e controle de comorbidades metabólicas, como colesterol alto, pressão arterial elevada e esteatose hepática.
Segundo a nova diretriz, o uso desses medicamentos deve estar associado a mudanças sustentáveis no estilo de vida, como alimentação balanceada, prática regular de atividade física e apoio psicológico.
O objetivo é que o paciente alcance não apenas o emagrecimento, mas melhora global da saúde.
Tratamento individualizado e novas abordagens clínicas
O documento reforça que o tratamento da obesidade deve ser sempre individualizado, considerando o contexto clínico e as necessidades de cada paciente.
Identificar as complicações associadas ao excesso de gordura corporal, como apneia do sono, artrose, diabetes tipo 2, doenças hepáticas e até deficiência de testosterona, é essencial para guiar a escolha da medicação adequada.
Além disso, os médicos são orientados a ter atenção especial à preservação da massa muscular, especialmente em idosos.
A perda rápida de peso pode causar redução de força e funcionalidade, o que exige um plano de cuidados que inclua exercícios de resistência e suporte nutricional.
Um novo olhar para a saúde metabólica
Essa atualização representa uma mudança de paradigma. Ao autorizar o tratamento medicamentoso mesmo para pessoas com IMC entre 25 e 30 (com complicações), o foco passa a ser a saúde do paciente — e não apenas o número na balança.
O reconhecimento da obesidade como uma condição que pode afetar gravemente a saúde mesmo em estágios iniciais é um passo importante na prevenção de doenças crônicas e na construção de abordagens mais humanizadas e eficazes.
Se você ou alguém da sua família apresenta sinais de desequilíbrio metabólico, ganho de peso resistente, ou complicações relacionadas à obesidade, é hora de olhar com atenção para o corpo — e buscar um acompanhamento especializado.
A nova diretriz da Abeso abre portas para um tratamento mais justo, acessível e precoce da obesidade.
Com informações e acompanhamento corretos, é possível retomar o equilíbrio e conquistar mais saúde em todas as fases da vida.